A taxa mista no crédito habitação é um modelo de crédito que durante um determinado período de tempo permite fixar a sua prestação, e no restante tempo o valor varia em função das oscilações das taxas euribor.
Por exemplo se tem uma euribor a 12 meses, significa que a sua prestação fica fixa durante esses 12 meses, se mudar para uma taxa mista a 2 anos, ou seja 24 meses, quer dizer que está a aumentar o tempo de fixação da prestação em 12 meses (1 ano).
Estamos a viver uma situação atípica de mercado no crédito habitação, no que diz respeito à diferença entre as taxas de juro fixa e variável, porque não é normal a taxa fixa, ser mais baixa que a variável, quer quando fixa por um período de tempo, taxa mista, ou pela totalidade do prazo.
Fazendo um raciocínio, que nos parece lógico, quando alguém assume uma responsabilidade de médio/longo prazo, fá-lo com mais cuidado e medo, logo nas taxas é igual, quando um banco, ou vários em conjunto, que é o mais normal, assumem uma taxa por um prazo mais alargado, fazem-no com maior risco, se tem mais risco, normalmente aumenta o valor, assim tipo os seguros, quanto maior é a probabilidade de sinistro, maior é o valor do prémio.
Não sabemos porque razão as taxas fixas estão abaixo das variáveis, mas desconfiamos que uma das razões seja porque os bancos têm contas balanço equilibradas e dinheiro em caixa, logo grande parte deles pode assumir o risco, mesmo que a euribor baixe, a média dificilmente lhes trará prejuízo.
E que vantagens pode a taxa mista, trazer para quem tem Crédito Habitação?
Cientes que não há certezas, muito menos absolutas, quando falamos de futuro do mercado financeiro, parece-nos que existem alguns sinais que dão que pensar e permitem tirar algumas conclusões:
- Os bancos têm dinheiro como não tinham à algum tempo e o crédito habitação continua a ser o negócio com maior volume que têm;
- Se estão a apostar em taxas fixas significativamente abaixo da variável atual, para prazos entre 2 a 5 anos, na modalidade taxa mista, será porque têm algumas garantias ou perspectivas de que a coisa se vai manter assim por algum tempo;
- A Sra. Lagarde, atual presidente do banco central europeu, já disse e repetiu várias vezes, que só vai começar a baixar as taxas de referência depois de atingir a meta de 2% na inflação;
- E que o fará com prudência e moderação, para não colocar em risco o esforço já realizado;
- É verdade que as taxas euribor têm relação com a taxa de referência do banco central europeu, mas não são a mesma coisa, a euribor vai atrás da de referência, logo, primeiro deverá baixar a de referência e só depois a euribor;
- Outro ponto importante, é que, na maioria dos casos, a prestação não desce logo quando a euribor baixa, só baixa no mês da revisão, ou seja, se tem uma euribor a 12 meses e ela tiver renovado perto do momento em que começa a descer, a prestação só vai descer no momento da renovação.
Como não temos varinha mágica, não sabemos o que vai acontecer, mas o que referimos atrás, dá que pensar e cada um deve refletir e agir em conformidade com o que entenda ser a melhor opção.
Se optar por uma taxa mista, o maior garante que tem é que durante um determinado período de tempo não vai ter surpresas, até porque também ninguém garantiu ou pode garantir que não vão haver mais subidas.
Esperemos que não, mas pelo que já demonstrou, a Sra. Lagarde, não terá nenhum problema em voltar a subir as taxas, se achar necessário.
Outra vantagem, pelo menos no curto prazo, é a redução no custo da prestação que paga ao banco.
E aqui não é como a medida de apoio do estado, que fala em juros, mas corta na amortização, com a modalidade taxa mista, o que fica a pagar a menos é mesmo custo, são juros.
Na modalidade do estado, amortiza menos, logo vai pagar mais juros, mais à frente.
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